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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Easy Virtue" e batatas para acompanhar


        Neste filme, Hitchcock trata de um assunto polêmico para a época: o divórcio.  Não podemos esquecer que ainda estamos nos anos 20. O título, Easy Virtue, (em português se encontra como Vida Fácil ou Mulher Pública) é uma referência a "recompensa da sociedade para a reputação difamada".




        Em Easy Virtue, Hitchcock faz a introdução de alguns temas comuns em sua obra: além da mocinha loira como protagonista e do triangulo amoroso, temos aqui o casal algemado e a mãe possessiva e  manipuladora. Aliás, se fossemos falar só das mães presentes no filmes de Alfred Hitchcock teríamos um outro tema: cinema e psicanálise.
        Bem, voltemos ao filme:  Larita Filton é casada com Albrey, um alcoólatra que a agride com freqüência e a acusa de traição com o artista que ele havia contratado para  pinta-la. A acusação errônea de adultério faz com que o artista se mate e gere um escandaloso julgamento de divórcio.

       
        Com a vida destruída, Larita foge para a França onde conhece e se casa com John Whitaker, um rapaz mais jovem e rico. De volta a Inglaterra, a moça tem que enfrentar a família da John que desaprova o casamento.  

        
        
        Convidada para um jantar na casa dos pais de seu marido, Larita percebe a tentativa da sogra de constrange-la através da perfeição e ostentação. A casa é, na verdade, uma mansão. A sala de jantar, de pé direito altíssimo, é decorada com enormes imagens religiosas que faz com que os "pecadores" se sintam minúsculos.  O serviço é luxuoso com talheres de prata, taças de cristal e menu completo: entrada, prato principal e sobremesa. Apesar de todo o requinte, o cardápio é básico e tradicional: sopa, carne acompanhada de batatas e frutas frescas e secas, o que nos faz entender que tudo aquilo não passa de aparências. 
       Quando finalmente se descobre o passado de Larita, a mãe de John permite que ele se divorcie para  se casar com Sarah, uma amiga da família, levando a um desfecho infeliz para todos.

     Apesar de  do tema polêmico, Easy virtue tem um enredo bastante simples e não é considerado um dos melhores filmes do diretor mas, tecnicamente, exibe uma narrativa criativa que serviu de exercício para outras experiências de Hitchcock como  a vista do tribunal através da lente do monóculo do juiz,  o flashback e o momento em que o pedido de casamento é aceito por telefone onde podemos entender o “sim” pela reação de felicidade da telefonista  que ouvia as conversas na época.





Batatas assadas - Perfect traditionally english roast potatoes




Ingredientes
4 batatas grandes
sal
pimenta
1/4 de xícara de óleo de canola

Preparo
Descasque e corte a batata em cubos. Cozinhe em água  e sal por 5 minutos. Elas ficarão pré cozidas. Enquanto isso aqueça o forno (200ºC).  Escorra e seque as batatas. Coloque o óleo em uma assadeira e deixe aquecer no forno. Quando estiver aquecido coloque as batatas com cuidado e as envolva na óleo quente. Tempere com sal e pimenta. Asse por 20 minutos, vire-as e volte ao forno por mais 20 minutos ou até elas ficarem ligeiramente douradas e crocantes.




terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"O aviso" e a sorte no ossinho do frango



         Quando filmou O aviso (The ring) em 1927, Hitchcock tinha apenas 28 anos. Era seu quinto filme como diretor e o segundo já com seu estilo. Não com relação a crimes e suspenses, mas sim no que diz respeito a sua economia narrativa, recorrendo ao pouco uso de cartelas e grande uso de metáforas e símbolos. 


        O filme é na verdade uma comédia dramática e conta com um dos temas freqüentes da obra de Hitch: o triangulo amoroso. É a história de Jack “One Round” Sander, um boxeador de parque de diversões, cuja a namorada, Mabel, se apaixona por um pugilista profissional, Bob Corby. 


       Bob lhe retribui a afeição e, sabendo de seu poder, presenteia a moça com um bracelete em formato de serpente. Mabel não sabe o que fazer. Dividida,  procura auxílio em  uma cartomante, mas acaba cedendo ao seu coração e se casa com Jack. Mas, sabemos que essa história não terminará por aí: o bracelete escorrega pelo braço da noiva entrando em quadro, justamente, no momento da troca das alianças.



        Na festa de casamento, ao ar livre, estão todos, inclusive Bob que agora faz parte do grupo de amigos.  O prato servido é frango. O frango, além de ser uma carne comum que está de acordo com as possibilidades econômicas dos noivos e seus convidados, traz em si um símbolo e um ritual que faz com que a insegura e supersticiosa  Mabel fique ainda mais confusa: o “ossinho da sorte”. Ele vai parar nas mãos de Bob que, ao parti-lo, fica com a parte maior, dando-lhe o sinal que  a sorte está ao seu lado.
         Jack passa a ascender na carreira. Mabel balança de um lado para o outro. Até o dia que, diante de uma luta difícil, vendo seu amado apanhando, ela arranca o bracelete  e cai nos braços de seu verdadeiro amor. 
        O aviso, tecnicamente, contava com vários tipos de inovações, como montagens bem elaboradas para a época. Exemplo disso é o recurso utilizado para mostrar a ascensão profissional do lutador no boxe:  a medida que o tempo vai passando, e isso é perceptível pelo florescer das árvores da rua, o nome de Jack vai aumentando de tamanho e subindo no cartaz publicitário.






         Em outro momento, numa festinha em sua casa após uma luta,  Jack serve champagne e aguarda Mabel para o brinde. Na cena seguinte vemos um monte de taças onde não existem mais as borbulhas características da bebida. A ausência da esposa  é representada pelo líquido parado do espumante que perdeu a perlage. As inovações técnicas,  mas o fato de receber uma cartela com "Written by Alfred Hitchcock”, fez com que o filme fosse muito bem aceito pela critica, chegando a ser aplaudido de pé em sua estréia.  Mas tudo isso  não garantiu  um grande êxito na bilheteria. 



Frango assado com alho e limão - Garlic and Lemon Roast British Chicken


Ingredientes

1 frango médio ou somente coxas e sobrecoxas
1 cabeça de alho
2 limões
sal
pimenta
azeite de oliva

Preparo

Pré-aqueça o forno em 200ºC. Coloque o frango em uma assadeira untada com azeite de oliva. Tempere o frango com sal, pimenta e o suco dos limões. Reserve as cascas. Espalhe os dentes de alho inteiros sem tirar a pele. Coloque alguns dentro das cascas de limão reservadas e coloque-as entre as partes do frango. Asse por cerca de 1 hora regando de vez em quando com o suco da assadeira até o frango ficar cozido e dourado. Sirva com o alho que estarão cremosos por dentro e ligeiramente adocicados.




terça-feira, 15 de janeiro de 2013

"Downhill" e a comida da alma



Downhill (sem título em português) é um filme de Hitchcock feito em 1927. O roteiro nos leva para os mais variados lugares: Inglaterra, Paris, Marselha. Só que na verdade a viagem é outra. É uma viagem pela degradação.


Em um colégio interno para meninos na Inglaterra, Roddy Berwick é o capitão e estrela do time de rugby. Ele e seu melhor amigo, Tim, se interessam por Mabel, a garçonete da escola que, cheia de más intenções, acusa injustamente  Roddy de tê-la molestado.  Como Tim não pode ser expulso da escola pois está pleiteando uma bolsa de estudos na Oxford University, promete ao amigo nunca revelar a verdade e o convence a aceitar a expulsão. Quando o Sr. Berwick, seu pai,  descobre, coloca-o para fora de casa.


Começa aí sua descida ao inferno. Ele passa a trabalhar como ator em um teatro. Se apaixona por Júlia, a estrela da peça. Ela o despreza. Roddy recebe uma herança. Júlia o aceita. Eles se casam, mas a esposa mantém um caso secreto com o antigo namorado, o protagonista da peça e, juntos, torram todo o dinheiro de Roddy. Ao descobrir a infidelidade da mulher, Roddy pede a separação e recomeça sua vida como dançarino de aluguel em um salão em Paris. Mas, não se sentindo bem em dançar com senhoras mais velhas por dinheiro,  desiste do trabalho. Desiludido e arruinado vai para Marselha onde “até o que restou dele foi jogado aos ratos dos cais da cidade.” 


Em Marselha, sozinho, doente e delirante, desperta a atenção de alguns marinheiros que o recolhem e lhe dão o que comer.  


Nesses momentos de depressão, tristeza e cansaço,  o único alimento que apetece, que desce pela garganta, é aquele que não é necessário fazer força para comer, pois até o ato de mastigar é um sacrifício.  Para essas situações existe o que é chamado de “comida da alma”: a comida que nos alimenta e que nos conforta. E é justamente este tipo de alimento que é oferecido para Roddy: uma sopa. A sopa, além de classificar economicamente o ambiente em que vivem os marinheiros,  é reconfortante e restauradora. Tudo que Roddy precisa. 
Assim que se restabelece, o rapaz é mandado de volta para a Inglaterra onde é aceito pelo pai que acabara de saber a verdade sobre a falsa acusação da garçonete.
Em Downhill Hitch faz alguns experimentos cinematográficos como as cenas que o protagonista está delirando. O que se usava até então, eram fusões e imagens desfocadas. Hitchcock tenta integrar o sonho e o delírio à realidade fazendo uma montagem com vários cortes de cenas sem continuidade.
Hitchcock já começava a mostrar seu lado ousado e galhofeiro. Numa noite em que Roddy está trabalhando no salão de danças em Paris,  ele se sente atraído por uma mulher mais velha, porém bonita. Quando o dia nasce, e eles ainda estão no salão, as janelas são abertas e a luz do sol ilumina o rosto dela e, nesse momento, se percebe o quanto ela é horrorosa, com traços nada delicados e com um ligeiro bigode.  


Sopa Inglesa de Cenoura - English Carrot Soup




Ingredientes

3 cenouras
4 colheres (sopa) de manteiga
1 tablete de caldo de galinha


Preparo

Na panela de pressão coloque a cenoura descascada, a manteiga e o caldo de galinha. Cubra com água e, quando pegar pressão, deixe cozinhar por 15 minutos. Desligue o fogo. Espere sair a pressão da panela e bata tudo no liquidificador. Se precisar, acerte o sal. Sirva com cebolinha francesa picada.

Como se pode ver, até a receita não exige grande esforço.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

"O pensionista". O primeiro suspense e um amor de biscoito.



O segundo filme de Alfred Hitchcock, The mountain eagle, de 1926, foi perdido, sobrando, hoje, somente alguns frames.
O Pensionista (The Lodger) ou O inquilino, ou ainda, O inquilino sinistro é seu terceiro filme. Foi feito, também em 1926, e pode ser considerado um esboço do que se tornaria a marca do mestre. Além de ser seu primeiro filme importante, é seu primeiro suspense e  apresenta o tema que seria tema de quase todos os seus  filmes: um homem acusado de um crime que não cometeu.  É considerado o primeiro “Hitchcock picture” de verdade.



O filme, que tinha como subtítulo A story of the London fog, foi baseado em um livro com o mesmo nome que, por sua vez, foi inspirado em Jack , o estripador. Narra a história de um assassino em série, em Londres, tendo como elemento comum, o fato de suas vitimas serem mulheres loiras. Em meio a esses assassinatos, chega ao hotel do casal Bounting um novo hóspede, Jonathan Drew. O novo inquilino é solitário e  estranho. Tem o hábito de sair em noites de névoas e guarda uma foto de uma moça loira. Daisy, a filha dos Bouting,  modelo, também  loira, noiva de Joe Chandler, um detetive, se sente atraída por Jonathan.




Chandler chega ao hotel, para uma visita rotineira a família, no momento que a Sra. Bouting está na cozinha abrindo uma massa. Aproveitando que foi deixado a sós com Daisy, lhe faz uma proposta de casamento através do cortador de biscoitos, em forma de coração, encontrado na mesa junto a massa: ele corta um, mostra a ela, corta outro e o sobrepõem ao primeiro formando a imagem gráfica eternizada da união. Daisy  separa os corações e devolve um ao noivo que, decepcionado, o rasga.  Diante disso, Chandler, já incomodado com a presença do inquilino, o prende, acusando-o de ser o serial killer.
Hitch utiliza aqui o alimento não só para representar graficamente o amor e de como ele pode ser frágil, mas também, para mostrar que Joe Chandler é familiar aos  Bouting, freqüenta sua casa, sua cozinha, criando um contraponto ainda maior em relação ao que é estranho: o inquilino. 




É a primeira vez, também, que Hitchcock apresenta suas idéias de uma forma puramente visual. E isso se dá já no início do filme:  a primeira cena é o close de uma mulher gritando que, mesmo silencioso (o cinema ainda não é falado) faz com que parece que estamos ouvindo o som.  Nos momentos seguintes ele utiliza imagens gráficas como letreiro de um espetáculo de revista, gente aflita, um bilhete do assassino, policiais, jornalistas ao telefone, a notícia sendo datilografa na máquina de escrever  da agência até  chegar ao jornal sendo impresso. O ator principal da trama só aparece após quinze minutos de filme.  Esse recurso da utilização de menos diálogo possível ou, no caso do cinema mudo, menos cartelas  possíveis, vai acompanhar Hitchcock por toda sua obra e  tornará, também, sua marca: a economia narrativa.


Biscoitos de gengibre  - English Gingerbread



Ingredientes


350 g de farinha de trigo
1 colher (chá) de bicarbonato 
2 colheres (chá) gengibre em pó 
100 g de manteiga em cubos
175 g  de açúcar branco ou mascavo
4 colheres (sopa) de mel
1 ovo batido

Preparo

Misture todos os ingredientes até formar uma massa homogênea. Abra a massa, corte com cortadores variados, coloque em uma assadeira untada e enfarinha e leve ao forno pré-aquecido (190ºC) por, aproximadamente, 15 minutos ou até dourar. Deixe esfriar um pouco, transfira cuidadosamente para uma grade e deixe esfriar por completo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"The Pleasure Garden" e bolo inglês




The Pleasure Garden foi o primeiro filme de Hitchcock como diretor.  Até então, ele havia trabalhado no estúdio como ilustrador de letreiros, foi montador, roteirista e assistente de direção. O ano era 1925 e o cinema ainda não era falado.  Sim,  Hitch é da época do cinema mudo. 


O filme conta a história de Jill que chega em Londres para trabalhar no Teatro The Pleasure Garden. Na cidade, todo seu dinheiro é roubado. Uma outra corista, Patsy, vendo o que havia acontecido, oferece ajuda e alojamento em sua própria casa. Jill consegue o emprego, se torna  a dançarina  numero um e, assediada por homens ricos, passa a viver num universo de luxo e glamour. Isso faz com que ela  esqueça  Hugh, seu noivo, que mora em outra cidade.


Hugh chega a Londres para visitar a noiva mas ela está muito ocupada com sua nova vida no teatro. Patsy o recebe e, sempre hospitaleira, oferece a ele uma xícara de chá acompanhado de uma fatia de bolo inglês, of course.
A ausência de Jill faz com que Patsy e Hugh tornem-se amigos. Patsy casa-se com Levett, mas, logo depois, descobre a existência de outra esposa e é ameaçada de morte pelo próprio marido. Por outro lado, Hugh fica sabendo, pelos jornais, que Jill se casará com um príncipe. Patsy e Hugh encontram consolo um no outro.
The Pleasure Garden já contava com cenas e elementos que se tornariam, mais tarde, características da obra de Alfred Hitchcock, porém eram ousadas para a época, como tentativa de assassinato por afogamento, morte brutal, traição, o duplo, bigamia e personagens  homossexuais. Mesmo assim,  teve uma boa aceitação por parte da imprensa. O London Daily Express chamou Hitchcock de “um jovem com cabeça de mestre”.

O Bolo Inglês de The Pleasure Garden

Ingredientes

100g de damascos secos picados
100g de uvas passas brancas
100g de uvas passas escuras
150g de açúcar
300ml de chá preto forte
275g de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 colher (chá) de canela em pó
1 ovo batido

Preparo

Ponha as frutas secas e o açúcar em uma vasinha. Junte o chá quente e misture. Deixe de molho por 4 horas ou de um dia para o outro.
Misture a farinha com o fermento, o bicarbonato e a canela. Junte as frutas com o chá e ovo e bata bem. Despeje em uma forma de bolo inglês untada e enfarinhada.  Asse em forno pré-aquecido (160ºC) por cerca de 1 hora. Sirva em fatias acompanhado de manteiga.