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quarta-feira, 27 de março de 2013

"Ricos e estranhos" e torta de carne





        Ricos e Estranhos (Rich and Stranger, 1931),  não é um suspense, não é uma comédia. É um drama com pouco elementos que caracterizam um drama.




        É a história de Fred Hill, um trabalhador padrão de classe média inglesa, casado com Emily, uma típica esposa que costura as próprias roupas e espera o marido para o jantar com uma típica torta de carne e rins que ela mesma preparou.






        Fred, cansado de sua vidinha, um dia chega em casa e recebe um telegrama de um tio que resolve antecipar uma herança futura para que ele possa se divertir no presente. E o casal parte, em um cruzeiro, para uma volta ao mundo.







        No navio, Fred não se sente bem e fica de cama. Emily, sozinha no convés, passa a ser cortejada por Gordon, o comandante.




        Já restabelecido, Fred passa a circular sozinho e conhece uma princesa.




        Nesse cenário, Fred e Emily se afastam e  cada um passa a gastar o tempo a bordo com os seus respectivos amantes.

        Quando o navio faz uma patada em Cingapura, Gordon conta a Emily que a princesa é uma farsa, que ela está interessada somente no dinheiro de Fred.
Emily corre para contar para seu marido que não acredita, mas logo depois descobre que ela o havia roubado.

        O casal se encontra com dinheiro suficiente somente  para pagar a conta do hotel e comprar as passagens de volta à Inglaterra em um navio “econômico”





Após uma colisão durante um nevoeiro, o navio é abandonado e Fred e Emily são os únicos que não conseguiram fugir pois ficaram presos no quarto.







        Sozinhos, eles e um gato, são resgatados por um junco, uma embarcação chinesa, onde dão abrigo e alimentação.






        Na hora da comida, Fred e Emily estão famintos, dispensam os hachis e passam a comer com as mãos afirmando que aquela é a melhor refeição que fizeram na vida, melhor ainda que qualquer restaurante de Paris.  Nesse momento eles avistam os chineses estendendo o couro do gatinho para secar.






        Finalmente voltam à Londres, para a vida que sempre tiveram, para o aconchego do lar, onde uma senhora, que estava tomando conta da casa, os recebem com uma familiar e reconfortante torta de carne. E tudo volta a ser “aparentemente” como era antes do telegrama.





Torta de carne - Meat Pie





Ingredientes

Massa:
1 ½  de farinha de trigo
100g de manteiga gelada cortada em cubos
1 colher (chá) de sal
¼ de xícara de água gelada


Recheio:
1 cebola picadinha
azeite
500g de carne picada (pode ser patinho, coxão mole, filé mignon)
1 tablete de caldo de carne
1 latinha de cerveja preta
1 cenoura picadinha
farinha de trigo

Preparo

Massa:
Misture com as pontas dos dedos a farinha, a manteiga e o sal até formar uma farofa. Junte a água e amasse levemente. Forme uma bola, embale me filme plástico e deixe na geladeira.

Recheio:
Refogue a cebola no azeite. Junte a carne e refogue até dourar. Junte a cenoura, o caldo de carne e um pouco da cerveja. Cozinhe em fogo médio e acrescente mais cerveja, se necessário, até a carne ficar macia. Misture uma colher de sopa de farinha de trigo em uma xícara de água fria e coloque um pouquinho dessa mistura na carne e cozinhe para o molho fique mais espesso.  Deixe esfriar.

Separe 2/3 da massa, abra e forre o fundo e as laterais de um refratário untado. Recheie cubra com o restante da massa, pincele uma gema batida e leve ao forno pré-aquecido (180ºC)  por uns 20 minutos ou até a massa ficar assada e dourada. Sirva quente. 


























quarta-feira, 20 de março de 2013

"Jogo sujo" e maçãs



        Jogo sujo (The Skingame, 1931) é outro filme “muito falado” de Alfred Hitchcock. Baseado na peça de de John Galsworthy, que concordou com a adaptação, desde que o texto não fosse alterado em nada. Justamente por isso, o filme é extremamente teatral.




        A história gira me torno de duas famílias rivais, os Hillcrists e os Hornblowers, a luta de classes e a urbanização do campo.






        Os Hillscrists estão revoltados com as ações do Sr. Hornblowers. Essas ações consistem em comparar terras e expulsar os agricultores que as arrendaram, para a construção de fábricas. Alem da injustiça, os aristocratas  Hillcrists não querem ver a propriedade rural em que nasceram sendo esmagada por construções urbanas.




        A filha dos Hillscrists é uma jovem muito esperta, inteligente que, apesar da idade, opina sobre as questões familiares com muita sensatez. A primeira vez que ela aparece em cena é comendo uma maçã. A maçã representa, para os cristãos, o fruto da árvore da sabedoria, comido sem a autorização de Deus por indução da serpente. A maçã representava, neste caso, a ânsia da sabedoria, a ambição de querer saber mais e poder igualar-se a Deus. É o símbolo das tentações e dos desejos terrenos. Na mitologia grega, as maçãs de ouro simbolizam a discórdia. 




        Depois de terem sido enganados em um leilão, os Hillcrists descobrem um segredo envolvendo o passado da  Sra. Hornblower,

         Para não ter seu passado devassado, os Hornblowers concordam em vender as terras pela metade do preço tendo como garantia a manutenção do segredo. No entanto, a notícia começa a vazar dando início a uma crise familiar e  a uma tragédia.

        Hitchcock em Jogo Sujo não pode ousar muito devido ao contrato com o autor da peça. Em sua entrevista para François Truffaut, ele afirma “não tenho muito a dizer sobre este filme”. Mesmo assim, ele deu seu toque na cena do leilão: Hitch filma do ponto de vista do leiloeiro, correndo a câmera,  sem cortes, de close em close, sucessivamente, nas pessoas que estão dando os lances.

       O filme é surpreendente, apesar de  não se tratar de um suspense, por  não ter mocinho, nem vilão, nem o bem, nem o mal. Todos são capazes de jogar sujo para alcançar seus objetivos.




Crumble de Maçã - Apple crumble*






Ingredientes


300g de farinha de trigo
175g de açúcar mascavo
200g de manteiga em temperatura ambiente
450g de maçãs, descascadas, cortadas em cubos
canela a gosto

Preparo

Misture a farinha, o açúcar mascavo e a manteiga. Reserve.
Unte um refratário, coloque as maçãs picadas, polvilhe canela e um pouco de açúcar. Cubra com a mistura de farinha. Leve ao forno pré-aquecido (180ºC) por, aproximadamente, 40 minutos ou até ficar dourado e começar a borbulhar nas bordas. Sirva com creme chantilly.

* O crumble não aparece no filme, mas é uma tradicional sobremesa inglesa feita com maçãs.





quarta-feira, 13 de março de 2013

Assassinato! E saladinha.




        Em Assassinato! (Murder!, 1930), Hitch com 30 anos, já estava com uma carreira consolidada na Inglaterra. Esse é seu 11º filme e um dos raros whodunits que filmou. Whodunits, contração da pergunta who has done it?, é um drama, uma peça ou filme policial com um enigma: “Quem matou?”. Hitchcock sempre evitou esse tipo de filme, pois, segundo ele, em geral o interesse se concentra exclusivamente na parte final.




     O filme conta a história do ator de teatro Sir John Menier. Ele é chamado para fazer parte de um júri de um caso de assassinato. A ré é a também atriz Diana, acusada de matar, com um atiçador de fogo da lareira, uma colega. Ela é condenada a forca. 




        Mas Menier não está convencido de sua culpa e vai atrás de provar a inocência da moça. Para isso ele conta com a ajuda de um casal de atores,  Sr e Sra Markham. 




       Os três percorrem os lugares em  que Diana esteve,  morou e trabalhou. Para poder reconstruir o crime em sua cabeça , John Menier resolve passar uma noite na pensão em que o crime aconteceu: um lugar simples, comandando por uma mulher cheia de filhos.




        Ele, um renomado ator de teatro, aceita essa condição de dormir na pensão em busca de pistas mas não deixa de imaginar como seria se passasse a noite em outro local mais apropriado à sua condição: o Red Lion Hotel. Nesse instante Hitchcock nos mostra o fruto da imaginação de John e como seria uma refeição desejável a ele naquele momento: frango assado, salada e vinho. 

         Por fim, sua busca não é em vão e ele descobre o verdadeiro assassino: o noivo da acusada. 

        Hitchcock, nesse seu terceiro filme falado, faz experiências com o som:  se pode “ouvir” os pensamentos de um dos personagens.  Mas, mesmo com a sonorização, ele continua visual. 






        Prova disso são os planos e contra-planos entre Diana e John na prisão, e a utilização da grua no plano geral da cela e do picadeiro do circo,  onde o crime é esclarecido.




        Outro momento brilhante  é a passagem do tempo mostrada através da sombra do cadafalso de Diana, que fica cada vez maior a medida que se aproxima a  data de sua execução. 




        Em Assassinato! Temos a presença de alguns temas hitchcockianos: a  falsa acusação, a discussão sobre crimes entorno da mesa do jantar e a utilização de um objeto de uso doméstico como arma do crime. Para  esse último tema, Hitchcock  tinha uma justificativa:  “Alguns de nossos assassinatos mais esquisitos são domésticos, executados com ternura em lugares simples e caseiros como a mesa da cozinha.”  


Salada de batata doce com queijo feta e mostarda em grãos
Sweet potato, feta and wholegrain mustard salad




Ingredientes

500g de batata doce cortada em fatias
1 maço de espinafre
1 cebola roxa cortada em fatias
200g de queijo feta esfarelado
3 colheres (sopa) de vinagre balsâmico
2 colheres (sopa) de mel
1 colher (sopa) de mostarda em grãos
azeite a gosto

Preparo

Cozinhe a batata doce em água e sal. Quando estiver cozida, porém firme, escorra e regue com um pouquinho de azeite. Aqueça bem  a grelha. Coloque as fatias de batata doce e grelhe por alguns minutos de cada lado.
Enquanto isso, faça o molho: misture o vinagre balsâmico, o mel, a mostarda e o azeite.
Monte a salada: coloque o espinafre, a cebola, a batata, espalhe o queijo feta e regue com o molho.








terça-feira, 5 de março de 2013

Juno, pavão e linguiça.



        Entramos na década de 30. O som já faz parte do cinema. Apesar de Alfred Hitchcock ter afirmado que “o diálogo deveria ser apenas um som entre outros sons, apenas algo que sai das bocas cujos olhos contam a história em termos visuais”, como vimos no post anterior, em Juno and the Paycock (sem titulo em português) ele faz o contrário, e dirige o seu filme mais “falado”. O roteiro foi adaptado de uma peça de teatro de Sean O”Casey.



        O filme conta a história dos Boyle durante a Guerra Civil  Irlandesa. Eles moram em Dublin,  em uma espécie de cortiço.  A família é composta pelo capitão Boyle, sua esposa Juno e seus dois filhos Mary e Johnny.  O capitão foi apelidado de Paycock, que dá titulo ao filme, pela própria esposa, por ser “útil e vão como um pavão”: tem aversão ao trabalho e  passa o dia em casa recebendo os amigos para beber escondido e comer.







       Num desses encontros, Paycock prepara seu café da manhã tradicional irlandês com o que encontra em casa: somente pão e lingüiça. Ele prepara a lingüiça e, em vez de dividi-la com o amigo, faz um partilha própria do seu personagem: a lingüiça para ele e a gordura que ficou na frigideira para o amigo colocar  no pão. 

         Mary, a filha do casal, tem um emprego em uma fábrica que está em greve contra a falta de segurança no trabalho que vitimou um colega. Johnny, o filho é semi-inválido pois perdeu o braço lutando na Primeira Guerra. 






        A notícia inesperada de uma herança faz a rotina da família Boyle mudar: Paycock passa a gastar por conta, compra móveis e roupas e Mary passa a namorar Charles Bentham, o advogado que está cuidando dos tramites do recebimento do dinheiro. Mas, por um erro de Bentham,  o dinheiro não chega e o que seria a salvação passa a ser a ruína. Os credores vão atrás de Paycock. Mary fica grávida do  advogado que não a quer mais.  E Johnny é levado do apartamento pelo IRA e seu corpo é encontrado fuzilado.





        Juno lastima a morte do filho e o destino da família no apartamento vazio.

       Segundo Hitch, apesar de achar a peça de O”casey excelente, não via  possibilidade de contar a história de modo cinematográfico, o que resultou num filme cheio de diálogos e um pouco difícil de assistir, que carece de grandes recursos e qualidade.

      Esse escrúpulo com a obra do escritor explica por que ele nunca quis adaptar para o cinema grandes obras literárias. Ele preferia literatura recreativa e romances populares, pois podia remanejar como bem entendesse. Ele concordava que uma obra-prima é, por definição, alguma coisa que encontrou sua forma perfeita e definida. Já em outro formato, outra linguagem, deixa de ser uma obra prima. 



The traditional irish and english breakfast *



Ingredientes

lingüiça de porco
cogumelos fatiados
ovos
tomates maduros e firmes
fatias de bacon
manteiga
sal
pimenta
torradas

Preparo

Em uma frigideira anti-aderente, frite a lingüiça e o bacon. Retire e reserve.  Na mesma frigideira, aproveitando a gordura, grelhe os tomates cortados ao meio e salteie os cogumelos. Tempere com sal e pimenta. Reserve. Coloque a manteiga, frite o ovo e tempere com sal.  Sirva com torradas e um bule de chá.

* Receita adaptada ao gosto e aos ingredientes brasileiros.