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quarta-feira, 24 de abril de 2013

"Os 39 degraus" e haddock defumado



Se O homem que sabia de mais foi o maior sucesso da fase inglesa de Alfred Hithcock, Os 39 degraus (The 39 steps, 1935) foi considerado o mais hitchcockiano dessa fase. Nesse filme encontramos o homem acusado injustamente por um crime que não cometeu, assassinato, espionagem, caos em lugar inesperado, a mocinha loira, homem e mulher algemados,  homem e mulher correndo, trens e MacGuffin.





       O filme conta a história de Richard Hannay. Numa noite ele está no London Music Hall Theatre assistindo a uma demonstração de poderes do Mr. Memory, quando ouve tiros. 





        Na confusão conhece a, aparentemente assustada, Annabella Smith. Ele a leva ao seu apartamento até que o susto passe.





        Em sua casa, ela diz que está com fome e ele lhe oferece a única coisa que tem: haddock , pão e manteiga. Ele tira o peixe fresco da geladeira e prepara para ela. O peixe pode representar, simbolicamente em algumas culturas, a morte pois está associado às profundezas do mar e seus mistérios. E é nesse momento que Anabella confessa que é uma espiã e que está sendo perseguida por assassinos por ter descoberto um plano de roubo de segredos militares da Inglaterra idealizado por um homem cuja a mão falta uma articulação de um dos dedos e menciona “os 39 degraus”.




        Enquanto Hannay está dormindo, Anabella entra em seu quarto abruptamente com uma faca enfiada fatalmente em suas costas. Em seus último suspiro, pede que ele fuja. Em suas mãos, Hannay encontra um mapa da Escócia com uma das cidades em destaque. 




         Acusado de ser o assassino de Anabella, Hannay parte para a Escócia atrás de desvendar o mistério e provar sua inocência.




        No trem, consegue fugir da polícia entrando em uma cabine e beijando a desconhecida e atraente Pamela, que passa a judá-lo.
    Até seu desfecho feliz, Hannay passa por vários apuros com  a polícia, com os assassinos, com Pamela, com o chefe dos espiões, é confundido com um conferencista, se esconde no meio do Exército da Salvação, foge, pula de uma janela: é a chamada celeridade de transições. E Hitchcock adorava essa rapidez da narrativa pois, para ele, acompanhar as aventuras de uma vítima injustiçada nesse ritmo deixa as emoções do espectador  a flor da pele. E isso ele sabia fazer muito bem.


Haddock defumado com molho de creme de leite e cebolinha
Smoked haddock with creme fraiche , chive and butter sauce



Ingredientes
350g de haddock defumado
150ml de leite
2 colheres (sopa) de creme de leite fresco
10g de manteiga
1 colher (sopa) de cebolinha fresca picada
pimenta do reino moída na hora

Preparo
Coloque o peixe em uma frigideira, tempere com pimenta do reino mas não coloque sal pois o peixe já é salgado. Junte o leite. Deixe ferver em fogo baixo sem tampar por uns 8 minutos. Remova cuidadosamente o peixe da frigideira. Aumente o fogo da frigideira e coloque o creme de leite fresco e deixe ferver por 2 a 3 minutos até engrossar um pouco. Acrescente a manteiga, volte o peixe e polvilhe a cebolinha picada.












segunda-feira, 15 de abril de 2013

"O Homem que sabia demais" e faggots

  


        Com O homem que sabia demais (The man who knew too much, 1934) a carreira de Alfred Hitchcock começa a avançar e passa a ficar mais próxima do que seria sua fase americana.  Este é o primeiro filme que ele faz para a  Gaumont British Pictures, estúdio que lhe daria muito mais liberdade.

      O filme está repleto de temas hitchcockianos: chantagem, caos em lugar público, locação icônica, ineficácia das autoridades, homem e mulher correndo, espionagem, assassinato e a tradicional discussão do crime entorno da mesa do jantar.



        Conta a história de Bob e Jill Lawrense, um casal de britânicos em férias, juntamente com a filha adolescente, Betty, em Saint Moritz, na Suiíca. No hotel eles fazem amizade com o estrangeiro Louis Bernard.






        Numa noite, dançando com Jill, Bernard é assassinado. Antes de morrer ele para uma informação para sua companheira de dança  para ser entregue ao cônsul britânico.




       Os assassinos, para garantir o silêncios dos Lawrence quanto a informação, seqüestram sua filha.

        Impossibilitados de falar com a policia, temendo o pior para Betty, eles resolvem seguir as pistas sozinhos e salvar a filha. Ao fazer isso, conhecem o sequestrador e  descobrem que o grupo pretende assassinar um chefe de Estado de um pais não identificado, durante um concerto no Royal Albert Hall de Londres.





      Um pouco antes do atentado, os espiões estão discutindo os detalhes do plano enquanto jantam tranquilamente. É a comida com a função de trazer os assassinos para o campo do doméstico, daquilo que nos é comum, conhecido e humano e por isso mesmo, mais assustador.


       


        Jill assiste ao espetáculo e distrai o atirador com um grito.

























        O homem que sabia demais, alem de ser um autêntico suspense, Hitchcock nos apresenta pela primeira vez o MacGuffin. Um MacGuffin é um objeto que não têm a menor importância para quem assiste ao filme, mas pode ser imprescindível para a personagem da trama. É um item de extrema importância para as personagens da história, mas de pouca preocupação para o público. O que o MacGuffin é raramente importa, tudo o que importa é os personagens estarem dispostos a tudo para obtê-lo. Em todos os casos, o item de informação em questão poderia ser facilmente substituído por outra coisa, sem conseqüências adversas para a história.
          Hitchcock foi o pai do MacGuffin, e deriva de uma história que ele mesmo contava, na qual dois homens conversam. Um pergunta ao outro: “O que é esse embrulho que você colocou no bagageiro?” O outro: “Ah, isso! É um MacGuffin”. Então o primeiro: “O que é um MacGuffin?” O outro: “Pois bem! É um aparelho para pegar leões nas montanhas Adirondak.” O primeiro: “Mas não tem leões nas Adirondak”. Então o outro conclui: “Nesse caso, não é um MacGuffin”.
          O homem que sabia demais foi o maior sucesso inglês de Alfred Hitchcock, tanto que, quando ele foi filmar em Hollywood, ele fez um remake em 1956 com o mesmo titulo.  Segundo o autor, a primeira versão “foi feita por um amador de talento, ao passo que a segunda foi feita por um profissional.” Mas  sobre isso falaremos mais adiante. 

Faggots* **


Ingredientes

50g de manteiga
2 cebolas grande picada
1 1/2 colher de sopa de folhas de tomilho picado
8 folhas de sálvia picada
450g de carne de porco moída
150g de bacon picado
sal e pimenta
100g de farinha de rosca
100ml de leite
fatias finas de bacon para enrolar
1 colher (sopa) de farinha de trigo
350ml de caldo de carne
150ml cerveja escura

Preparo

Em uma panela derreta 30g de manteiga e refogue metade da cebola, o tomilho e a sálvia. Adicione esse refogado à mistura de carne e bacon picados. Junte o leite, a farinha de rosca, tempere com sal e pimenta. Faça bolas como almôndegas, e enrole cada uma delas em uma fatia de bacon e prenda com um palito.

Coloque o restante da manteiga na frigideira e frite os faggots, virando para dourar de todos os lados. Coloque-os em um recipiente e reserva. Na gordura que ficou na frigideira frite o restante da cebola, acrescente a farinha de trigo, mexa bem, retire do fogo e acrescente metade do caldo de carne, aos poucos, mexendo sempre para não empelotar. Junte o caldo restante e a cerveja.

Volte os faggots para a frigideira, tampe e cozinhe por, aproximadamente 1 hora. Nos 15 minutos finais, retire a tampa.

Sirva com purê de batatas e ervilhas frescas.

* Clássico da comida tradicional inglesa cuja a receita está sendo perdida e pode ser encontrada em poucos pubs que se preocupam em resgatar os sabores de uma época.
Esse prato não está presente no filme, mas representa um clássico do cinema inglês que também acabou sendo esquecido em função de sua versão mais moderna.

** Receita adaptada ao gosto e aos ingredientes brasileiros.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Viena, valsas e croissant



        Valsas de Viena (Waltzes from Vienna, 1934) foi feito em um momento, como podemos notar pelos posts anteriores, que a carreira de Alfred Hitchcock estava em baixa. Ele mesmo considera esse filme como um dos piores que já fez. Hoje ele está praticamente esquecido. Ele não consta em algumas listas da cinematografia do autor. No Brasil, é um dos poucos de sua obra que não se acha em DVD.

        O filme é um musical. Mas não um musical em que, de repente, uma personagem começa a cantar (até porque fazia pouco tempo do uso do som e isso não teria um resultado muito bom na época). A música funciona como um pano de fundo  para a narrativa.




        Conta a história do compositor Johann Strauss, sua noiva Rasi e a sua mais famosa composição: Danúbio Azul.




         Essa história ficcional mostra um Strauss jovem, cujo o pai é regente da orquestra de Viena, que sonha em se tornar um grande nome da música. 




       



        Rasi, sua noiva, não liga para isso. Ela quer é mesmo viver ao lado de seu amor e, para isso, quer que ele assuma os negócios da família, uma respeitável confeitaria e padaria de Viena.




        E é nessa padaria que encontramos o humor hitchcockiano: nela Strauss compõe sua famosa melodia observando o ritmo dos funcionários batendo massa e empilhando pães.






        Hitchcock sempre teve a preocupação de adequar as locações com o lugar onde se passa a história. Viena é reconhecida por sua confeitaria e por ser berço de um dos pães mais famosos do mundo, o croisssant. A lenda desse pãozinho de massa folhada conta que, por volta de 1683 o Império Otomano, tentando aumentar as possessões pela Europa, tentou invadir Viena a noite  enquanto todos dormiam, mas foi impedido pelos padeiros que trabalhavam produzindo pães que seriam vendidos logo cedo. Para comemorar esse acontecimento, os padeiros criaram um pão em formato de meia lua, ou lua crescente, o croissant, símbolo que está presente na bandeira turca. Ele foi levado posteriormente para a França, por volta de 1770, por Maria Antonieta que era austríaca de nascimento. 






             Por fim, Strauss consegue tudo o que havia almejado.


        Valsas de Viena pode não ser um grande filme do mestre, mas tudo isso mudaria. Valsas de Viena marcaria o fim dessa fase menor de Alfred Hitchcock.


Croissant





Ingredientes

4g de fermento biológico seco
45ml de água morna
1 colher (chá) de açúcar
2 xícaras de farinha de trigo
2 colher (chá) de açúcar
1 colher (chá) de sal
½ xícara de leite
115g de manteiga sem sal, gelada
1 ovo para pincelar

Preparo

Misture a água morna, o açúcar e o fermento em uma vasilha pequena e deixe descansar uns 5 minutos até ficar espumoso. Reserve.
Amorne o leite e dissolva nele o sal e o restante do açúcar.

Numa tigela, coloque 1 xícara da farinha e junte a mistura de fermento e o leite reservados. Misture até incorporar bem. Junte mais farinha, aos poucos, até que fique difícil de misturar com a colher.

Polvilhe farinha na mesa e despeje a massa. Trabalhe a massa, sovando e polvilhando farinha, até que não grude mais nas mãos. (A quantidade de farinha pode variar um pouco para mais ou para menos). O resultado deve ser uma massa lisa, firme, e elástica.* 

Coloque a massa de volta na tigela untada com um pouco de óleo, e vire a massa para que unte em toda sua volta.Cubra com um plástico e deixe em temperatura ambiente até triplicar de volume.

Polvilhe a mesa com farinha e deite a massa descansada. Abra a massa com o rolo, formando um retângulo de mais ou menos 20cm X 30cm.

Abra a manteiga, que deverá estar gelada, num tamanho que ocupe 2/3 da massa aberta. Dobre a parte sem manteiga sobre a manteiga e dobre novamente. Leve a geladeira por 20 minutos.

Abra a massa com o rolo novamente e faça mais duas dobras. Leve a geladeira por 20 minutos. Repita essa operação mais 2 vezes.

Abra a massa numa espessura de 0,5 cm e corte triângulos. Enrole como croissant, coloque em assadeira untada, cubra com filme plástico e deixe descansar em temperatura ambiente até dobrar de volume.

Pré-aqueça o forno (220ºC), pincele o ovo batido com 1 colher (chá) de água.

Asse por 20 minutos ou até ficarem assados e dourados.

* Pode ser feito na batedeira se ela for própria para fazer pães.




























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