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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Crime, culpa, chantagem e confissão



        O ano é 1929 e marca o fim da fase muda da obra de  Alfred Hithcock.
       Chantagem e Confissão (Backmail) é o marco da transição entre o mudo e o falado. Não é só seu primeiro filme sonoro mas também o primeiro filme inglês a utilizar este recurso.
   O curioso é que, como havia uma hesitação por parte dos produtores quanto a sonorização do filme, Hicthicock utilizou a técnica do falado mas sem o som e, quando eles decidiram, o filme só precisou de pequenos ajustes, como, por exemplo, a dublagem da atriz principal que tinha um forte sotaque alemão.   E o filme acabou sendo lançado nas duas versões.
    Chantagem e Confissão tem o mérito, também, de ser a “volta” quase que definitiva de Hitchcock ao suspense. O filme é recheado de temas hitchcockianos: loira protagonista, chantagem, segredo obscuro, confronto, locação icônica, discussão sobre assassinatos no jantar, utilização do elemento doméstico como arma, homem ou mulher em fuga, namorado policial.


     O filme conta a história da jovem  Alice White e seu namorado Frank Webber, um detetive da Scotland Yard. Após uma briga ela resolve aceitar o convite de um pintor para conhecer seu estúdio. 



        O moço, que num primeiro momento parece simpático, tenta estuprá-la. 



       Ela, para se defender, o mata com uma faca de cozinha que estava a seu alcance  sobre uma mesa juntamente com um pão. Apesar de ela apagar todos os indícios de sua presença, esquece uma das luvas.

         A policia é chamada e Frank é encarregado de investigar o caso. Quando vai ao local do crime, acha a luva perdida da namorada.


       Frank tenta acobertá-la mas alguém que a  viu entrando do estúdio do pintor passa a chantageá-la e a persegui-los e a locação da perseguição é o British Museum.




         A culpa de Alice é tão grande que ela passa a ver  a imagem da  faca em todo lugar e ouvir a palavra da boca das outras pessoas. Quando, num café da manhã, seu pai pede a ela que passe a faca do pão, a moça fica em choque, pois foi com a faca do pão que ela cometeu um crime. É a arma e o alimento juntos e, Hitchcock como católico que era, reforça a culpa, o pecado de Alice utilizando o pão, alimento da representação do corpo divino. 



     Apesar da importante utilização do som em Chantagem e confissão, Hitchcock continuará a ser visual ao longo de toda sua obra cinematográfica.  Segundo ele  “o dialogo deveria ser apenas um som entre outros sons, apenas algo que sai das bocas cujos olhos contam a história em termos visuais.”

Pão branco - Traditional White Bread






Ingredientes

7 xícaras de farinha de trigo
1 sachê de fermento seco
4 colheres de sopa de açúcar
1/2 xícara de óleo
1 colher de sobremesa de sal
400ml de água morna

Preparo

Em uma tigela grande dissolva o fermento e o açúcar na água morna. Junte metade da farinha de trigo. Acrescente os líquidos: água e óleo e por último o sal. Misture tudo e bata muito bem a massa, acrescentando a farinha de trigo aos poucos. Sove muito bem até a massa ficar macia e desgrudar das mãos (de 8 a 10 minutos). Volte a massa para a tigela untada, cubra com filme plástico e deixe descansar por 25 minutos. Divida a massa em dois, abra com um rolo e modele os pães. Coloque em forma untada. Deixe crescer até dobrar de tamanho, (coloque as formas onde não tenha corrente de ar, e cubra) aproximadamente 40 minutos. Asse em forno pré-aquecido a 200ºC até os pães ficarem dourados.







segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

"Pobre Pete". A vida pode não ser perfeita mas o chá deve ser.



        Pobre Pete (The Manxman, 1928), também encontrado com o titulo de O ilhéu, foi o último fime mudo de Alfred Hitchcock.  É, na sua essência,  um drama sólido com dois temas freqüente hitchcockiano: o triangulo amoroso e o suicídio.


        Conta a história de dois amigos de infância, Pete Quillian, um simples pescador e Philip Christian,  um jovem advogado. Pete é apaixonado por Kate, mas César, pai da moça, recusa consentir o casamento da filha com o rapaz. Pete, então, parte para a África para fazer fortuna e pede a Philip para cuidar de sua namorada até que ele retorne.



        Na ausência de Pete, Philip e Kate se apaixonam,  mas lastimam a impossibilidade de levar o romance adiante, seja pela amizade dos rapazes, seja pela promessa da moça em esperar o pescador voltar. Nem ele e nem ela querem magoa-lo.



        Chega uma notícia de que Pete está morto e Philip e Kate começam a planejar a vida juntos. Mas a notícia é falsa e o pescador retorna à ilha como um homem rico e César, enfim,  consente o casamento. Mesmo apaixonada por outro, Kate tenta tocar sua via com o marido.



        Pouco tempo depois, Kate tem uma filha e decide abandonar Pete. Num determinado dia,  como todos os dias de uma típica e singela família inglesa, ela deixa a mesa montada para o chá. Tudo perfeito. Mas Pete percebe que há algo errado na mesa, está tudo ali: o chá, o leite, os cubos de açúcar, o pão e a manteiga mas está faltando um lugar, o dela. Kate deixa a mesa posta para um, a aliança e um bilhete explicando sua ausência:  ama outro homem. 



        No entanto, o jovem advogado está prestes a assumir um cargo importante e não está disposto a desistir da carreira por ela. Frustrada, ela retorna para Pete e conta que ele não é o pai da criança. Ele não acredita e Kate, atormentada, tenta o suicídio.
        Kate é levada a julgamento no primeiro dia de Philip como juiz. Ele é relutante em sentenciá-la e a entrega a Pete. Ela se recusa a ir, e César, seu pai, que está presente, acusa Philip de ser o “outro homem”. Philip admite e deixa o tribunal.


        Philip e Kate deixam a casa de Pete levando a criança sob os olhares dos moradores da ilha que foram assistir a cena.


        Apesar do tema polêmico e ousado, logo depois dos créditos iniciais, se lê uma cartela explicativa “moralista” que era muito comum no cinema, principalmente americano, do período.





Chá  - The traditional  and perfect  english cup of tea


Ingredientes

200ml de água
1 saquinho de breakfast tea ou chá preto
açúcar a gosto

Preparo

Coloque o saquinho de chá em uma xícara.
Aqueça a água. Assim que começar a borbulhar desligue o fogo e derrame a água sobre o saquinho de chá. Deixe fazer a infusão por 2 minutos com a xícara tampada. Retire o saquinho de chá e descarte-o. Adicione 10ml de leite integral em temperatura ambiente. Espere 6 minutos para que atinja a temperatura ideal para consumo de 60ºC. Adoce a gosto.









terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

"Champagne" para todos!


Para Hitchcock, esse foi o pior filme de sua autoria. Ele diz que alguém sugeriu um filme cujo título fosse Champagne e ele imaginou um início de filme bastante fora de moda, mas que lembrava um pouco o velho filme americano de Griffith – Way down East: a história de uma moça que vai para uma cidade grande. Sua idéia era mostrar essa garota que trabalhava na cidade francesa de Reims, a capital do champagne, fechando com pregos as caixas de espumante e vendo as caixas serem transportadas em trens sem ela nunca ter bebido. Em seguida, ela iria para a cidade e acompanharia o trajeto do espumante, as boates, as noitadas, beberia e no final voltaria para Reims, onde retomaria seu serviço e já não teria mais vontade de beber champagne. Segundo o próprio Hitchcock, ele abandonou a idéia pelo seu aspecto moralista.



A história filmada é a de Betty, filha mimada e rebelde de Mark, empresário milionário do ramo de espumantes, que, sem a autorização do pai, cruza o oceano num hidroavião para encontrar o namorado que está abordo de um navio em pleno Atlântico rumo a Paris. Seu pai desaprova o namoro alegando que o rapaz está interessado somente no dinheiro da família e, conhecendo a filha que tem, pede a um amigo se aproximar de Betty para vigia-la.

Diante da insistência de Betty em se casar com o rapaz, Mark forja a própria falência a fim de afastar o moço. O noivado é desfeito mas não por isso, e sim por ele não aceitar o comportamento tão independente e esnobe dela, o que faz com que a moça acredite na teoria do pai.  Apesar de tudo, Betty tenta se adaptar a nova situação: cuida do pai e do apartamento minúsculo em que vão morar, cozinha e arruma um emprego de vendedora de flores em um cabaré de luxo.




O amigo de Mark, pai de Betty, se finge de cliente do cabaré para  continuar a vigia-la. Sentado à mesa, observando a moça ele pede  um drink, um Maiden’s prayer cocktail. É como se ele estivesse bebendo e rezando pedindo  a proteção da donzela da qual foi incumbido de tomar conta.
Indignado com seu trabalho num lugar “indecente”, o rapaz procura Mark que, também chocado, confessa que mentiu sobre a perda da fortuna, sobre o amigo que a vigia e aprova seu casamento.
Champagne não foi bem recebido em seu lançamento, apesar do elenco bastante popular. A produção era rica. Desfrutava de um orçamento razoável para os padrões da época: contava com várias  cenas dentro de um navio e dezenas os figurinos luxuosos nos cenários dos grandes salões. 


  



 Além disso, não se pode ignorar as inventividades visuais de Alfred Hitchcock: os primeiríssimos planos da garrafa de espumante sendo aberta, as cenas vistas através da taça no início e no final, a sequência do navio onde ele usa o movimento da câmera para fazer o balanço e transmitir a idéia de enjôo e do enquadramento, somente nas pernas, na cena em que Betty é roubada na rua.



Com relação ao alimento como elemento dramático é um dos filmes mais ricos do período mudo da carreira de Hitchcock. Começando pelo titulo do filme: champagne até hoje é sinônimo de sofisticação e luxo. É uma bebida festiva, como a vida que Betty levava. 


No restaurante do navio, a mesa montada parece as de Antonin Carême, o cozinheiro dos reis da França.  Com essa montagem simétrica, o  movimento de câmera tirando tudo do eixo,  faz com que o espectador tenha a sensação de balanço do navio.



Quando chegam a Paris, a cidade é uma festa. Estamos ainda nos anos 20 e com a lei seca nos EUA surge as misturas de bebidas: era o auge da coquetelaria. Betty, moça independente , prepara seu próprios coquetéis.




Apesar das tentativas, a moça se mostra inútil pois não consegue preparar nem um prato de comida “descente” pra o pai. Na primeira tentativa ela coloca a comida à mesa serve o pai com muito orgulho, fazendo o pai acreditar que seu plano está funcionando, mas quando ele vê a fatia de carne, ele a recusa. Então, Betty serve os pães que também havia feito. Aparentemente estão ótimos, brilhantes, com aspecto de bem assados. O pai não acredita que foi ela quem os fez e aceita, mas ao tentar cortá-los não consegue, tenta morder e também não consegue. Por fim, desiste e diz: “Não estou com muita fome hoje.” Sai e a deixa sozinha. 




Nesse momento, Hitch corta da carne preparada por Betty para uma mesa com toalha de linho, talheres e travessas de prata, taças de cristal, champagne e alguém finalizando uma refeição. Abre o quadro e é o pai de Betty que, ao recusar comer a comida da filha, foi satisfazer suas necessidades e desejos em um restaurante do tipo ao qual ele estava acostumado. Esse contraponto reforça a idéia de pobreza e riqueza que Hitchcock quer deixar bem claro ao longo da narrativa. 





Em outro momento, o mais engraçado do filme, e que foi já utilizado em um episódio da extinta TV Pirata transmitido pela Rede Globo no final dos anos 80, é o contraponto entre cozinha e salão do restaurante do cabaré onde Betty trabalha. Nesse estabelecimento luxuoso, o maitre recebe clientes e  descreve, com muita formalidade, os pratos do cardápio para um casal. Hitchcock faz um corte para a cozinha. Ele mostra o cozinheiro, de avental todo sujo, partindo um frango com as mãos. Um garçom chega com uma cesta de pães vazia para ser reposta. O cozinheiro larga o frango pega uma porção de pão com as mesmas mãos e joga no cesto de maneira que alguns pães vão parar no chão. O garçom pega o pão que está no chão, chacoalha, limpa o resto da sujeira na roupa e o recoloca no cesto que será servido. Corta para esse mesmo pão sendo servido, a um comensal à mesa, com uma pinça de prata. Pois é, do lixo ao luxo em apenas alguns frames.

Mainden’s prayer cocktail






Ingredientes:
1 dose de gim
1 dose de contreau
2 colheres (sopa) de suco de limão
1 colher (chá) de suco de laranja

Preparo:
Coloque todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo,
misture, coe e sirva em um copo de coquetel.







terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Um fazendeiro, as mulheres e a gelatina



        A mulher do fazendeiro (The Farme’s Wife, 1928)  é um filme diferente de tudo que Hitchcock fez e de quase tudo que iria fazer. É uma comédia.





        Conta a história do fazendeiro Samuel Sweetland que, após a morte da esposa e do casamento de sua única filha, se sente muito sozinho. Com a a ajuda de Minta, sua empregada, faz uma lista das mulheres disponíveis  na redondeza e possíveis candidatas ao posto de Sra. Sweetland. 






        A primeira da lista é a também viúva Louisa Windeatt, mas ele é muito independente e o rejeita.



        A segunda é Thirza Tapper, uma solteirona que, ao saber da disponibilidade do Sr. Sweetland, o convida para um chá. O fazendeiro chega antes de todos os convidados para poder pedi-la em casamento. Thirza  está, juntamente com os empregados, cuidando dos preparativos. No momento que ela está levando à mesa a gelatina, que podemos supor ser  de vinho do Porto, pois era muito comum na época, ele faz o pedido. Ela tem uma crise nervosa. Não poderia ter sido outro prato para ilustrar sua reação: enquanto ela treme a gelatina treme também. Ele tenta acalmá-la. Nesse momento, uma das empregadas entra em cena, chorando, porque não sabia que o sorvete, se deixado fora da geladeira, derretia.  Samuel vendo a fragilidade das mulheres, desiste da candidata.



        Na mesma festa, ansioso por uma esposa, o sr. Stweetland faz sua investida na terceira da lista: Maria Hearn, aparentemente "mais forte". Ela tem um ataque de riso e o rejeita por achar que ele está muito velho.


        Sem conseguir nada, Samuel tenta, sem sucesso, a última da lista, a garçonete Mercy Basset.


        De volta para casa Samuel Sweetland senta em frente à lareira e olha para a cadeira vazia ao seu lado. Começa a lembrar de todas as candidatas. Hitchcock nos mostra as imagens sobrepostas como miragem. Por fim Minta, sua fiel empregada, que sempre foi apaixonada por ele, se senta no lugar que era de sua falecida esposa e Samuel tem a certeza que é ela sua futura mulher. É como diz o cartaz do filme: A lonely man searches for the "right" woman, but finds true love instead!


        A mulher do fazendeiro foi baseado em uma peça teatral muito encenada na Europa, mas Hitchcock ousa ao  fazer uso de um “diálogo”, digamos,  atrevido, nas cartelas. Afinal estamos falando de um homem a procura de uma mulher, que aliás, tem um nome que  podemos entender como uma piada.


        Hitchcock nos faz rir, também, durante o chá. Ele abusa das cenas “pastelão” ao mostrar os convidados se fartando com as comidas da festa. É como se, diante de uma mesa de guloseimas, todos passam a se comportar de modo infantil.
        Esse tipo de comédia raramente vamos ver ao longo da obra de Alfred Hitchcock. Vamos ver, sim, no melhor estilo inglês, muito humor e sarcasmo que, durante a tensão do suspense, funcionam como um alívio cômico,  como aquilo que nos faz dar uma risadinha de lado.

Gelatina de Vinho do Porto -  Porto Wine Jelly


Ingredientes

2 xícaras (chá) de vinho do Porto
1 xícara (chá) de açúcar, ou a gosto
1 pedaço de canela em pau
2 cravos
1 pitada de noz-moscada
1 pedaço de casca de limão
1 pedaço de casca de laranja
2 envelopes de gelatina em pó sem sabor e incolor
¼ xícara  (chá) de água fria
½ xícara (chá) de água fervente

Preparo

Em uma panela, coloque 1 e ½ xícaras de vinho (deixe ½ xícara reservada), o açúcar, a canela, os cravos, a noz moscada, as cascas de limão e de laranja. Leve ao fogo mexendo até dissolver o açúcar. Deixe ferver por 5 minutos. Retire do fogo e deixe a panela tampada por 30 minutos. Passe por uma peneira.
Coloque a gelatina em um recipiente, junte ¼ de xícara de água fria e deixe hidratar por 1 minuto. Junte a água fervente mexendo bem para dissolver. Acrescente o vinho que foi aromatizado e o vinho que stava reservado. Pincele um pouco de água em uma forma média, despeje nela a gelatina e leve à geladeira por uma 2 horas ou até firmar.