Entramos na década de 30. O som já faz parte do
cinema. Apesar de Alfred Hitchcock ter afirmado que “o diálogo deveria ser
apenas um som entre outros sons, apenas algo que sai das bocas cujos olhos
contam a história em termos visuais”, como vimos no post anterior, em Juno and
the Paycock (sem
titulo em português) ele faz o contrário, e dirige o seu filme
mais “falado”. O roteiro foi adaptado de uma peça de teatro de Sean O”Casey.
O filme conta a história dos Boyle durante a Guerra
Civil Irlandesa. Eles moram em
Dublin, em uma espécie de
cortiço. A família é composta pelo
capitão Boyle, sua esposa Juno e seus dois filhos Mary e Johnny. O capitão foi apelidado de Paycock, que
dá titulo ao filme, pela própria esposa, por ser “útil e vão como um pavão”: tem
aversão ao trabalho e passa o dia
em casa recebendo os amigos para beber escondido e comer.
Num desses encontros, Paycock prepara seu
café da manhã tradicional irlandês com o que encontra em casa: somente pão e
lingüiça. Ele prepara a lingüiça e, em vez de dividi-la com o amigo, faz um
partilha própria do seu personagem: a lingüiça para ele e a gordura que ficou
na frigideira para o amigo colocar
no pão.
Mary, a filha do casal, tem um emprego em uma fábrica
que está em greve contra a falta de segurança no trabalho que vitimou um
colega. Johnny, o filho é semi-inválido pois perdeu o braço lutando na Primeira
Guerra.
A notícia inesperada de uma herança faz a rotina da
família Boyle mudar: Paycock passa a gastar por conta, compra móveis e roupas e
Mary passa a namorar Charles Bentham, o advogado que está cuidando dos tramites
do recebimento do dinheiro. Mas, por um erro de Bentham, o dinheiro não chega e o que seria a
salvação passa a ser a ruína. Os credores vão atrás de Paycock. Mary fica
grávida do advogado que não a quer
mais. E Johnny é levado do
apartamento pelo IRA e seu corpo é encontrado fuzilado.
Juno lastima a morte do filho e o destino da família no apartamento vazio.
Segundo Hitch, apesar de achar a peça de O”casey
excelente, não via possibilidade
de contar a história de modo cinematográfico, o que resultou num filme cheio de
diálogos e um pouco difícil de assistir, que carece de grandes recursos e
qualidade.
Esse escrúpulo com a obra do escritor explica por que
ele nunca quis adaptar para o cinema grandes obras literárias. Ele preferia
literatura recreativa e romances populares, pois podia remanejar como bem
entendesse. Ele concordava que uma obra-prima é, por definição, alguma coisa
que encontrou sua forma perfeita e definida. Já em outro formato, outra linguagem,
deixa de ser uma obra prima.
The traditional irish and english breakfast *
Ingredientes
lingüiça de porco
cogumelos fatiados
ovos
tomates maduros e firmes
fatias de bacon
manteiga
sal
pimenta
torradas
Preparo
Em uma frigideira
anti-aderente, frite a lingüiça e o bacon. Retire e reserve. Na mesma frigideira, aproveitando a
gordura, grelhe os tomates cortados ao meio e salteie os cogumelos. Tempere com
sal e pimenta. Reserve. Coloque a manteiga, frite o ovo e tempere com sal. Sirva com torradas e um bule de chá.
* Receita adaptada ao gosto
e aos ingredientes brasileiros.
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