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terça-feira, 5 de março de 2013

Juno, pavão e linguiça.



        Entramos na década de 30. O som já faz parte do cinema. Apesar de Alfred Hitchcock ter afirmado que “o diálogo deveria ser apenas um som entre outros sons, apenas algo que sai das bocas cujos olhos contam a história em termos visuais”, como vimos no post anterior, em Juno and the Paycock (sem titulo em português) ele faz o contrário, e dirige o seu filme mais “falado”. O roteiro foi adaptado de uma peça de teatro de Sean O”Casey.



        O filme conta a história dos Boyle durante a Guerra Civil  Irlandesa. Eles moram em Dublin,  em uma espécie de cortiço.  A família é composta pelo capitão Boyle, sua esposa Juno e seus dois filhos Mary e Johnny.  O capitão foi apelidado de Paycock, que dá titulo ao filme, pela própria esposa, por ser “útil e vão como um pavão”: tem aversão ao trabalho e  passa o dia em casa recebendo os amigos para beber escondido e comer.







       Num desses encontros, Paycock prepara seu café da manhã tradicional irlandês com o que encontra em casa: somente pão e lingüiça. Ele prepara a lingüiça e, em vez de dividi-la com o amigo, faz um partilha própria do seu personagem: a lingüiça para ele e a gordura que ficou na frigideira para o amigo colocar  no pão. 

         Mary, a filha do casal, tem um emprego em uma fábrica que está em greve contra a falta de segurança no trabalho que vitimou um colega. Johnny, o filho é semi-inválido pois perdeu o braço lutando na Primeira Guerra. 






        A notícia inesperada de uma herança faz a rotina da família Boyle mudar: Paycock passa a gastar por conta, compra móveis e roupas e Mary passa a namorar Charles Bentham, o advogado que está cuidando dos tramites do recebimento do dinheiro. Mas, por um erro de Bentham,  o dinheiro não chega e o que seria a salvação passa a ser a ruína. Os credores vão atrás de Paycock. Mary fica grávida do  advogado que não a quer mais.  E Johnny é levado do apartamento pelo IRA e seu corpo é encontrado fuzilado.





        Juno lastima a morte do filho e o destino da família no apartamento vazio.

       Segundo Hitch, apesar de achar a peça de O”casey excelente, não via  possibilidade de contar a história de modo cinematográfico, o que resultou num filme cheio de diálogos e um pouco difícil de assistir, que carece de grandes recursos e qualidade.

      Esse escrúpulo com a obra do escritor explica por que ele nunca quis adaptar para o cinema grandes obras literárias. Ele preferia literatura recreativa e romances populares, pois podia remanejar como bem entendesse. Ele concordava que uma obra-prima é, por definição, alguma coisa que encontrou sua forma perfeita e definida. Já em outro formato, outra linguagem, deixa de ser uma obra prima. 



The traditional irish and english breakfast *



Ingredientes

lingüiça de porco
cogumelos fatiados
ovos
tomates maduros e firmes
fatias de bacon
manteiga
sal
pimenta
torradas

Preparo

Em uma frigideira anti-aderente, frite a lingüiça e o bacon. Retire e reserve.  Na mesma frigideira, aproveitando a gordura, grelhe os tomates cortados ao meio e salteie os cogumelos. Tempere com sal e pimenta. Reserve. Coloque a manteiga, frite o ovo e tempere com sal.  Sirva com torradas e um bule de chá.

* Receita adaptada ao gosto e aos ingredientes brasileiros.













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